Continente sul/sur

Porto Alegre 1997

UT Libraries 2008

revista do Instituto Estadual do Livro – vol. 6

  • p. 165

Seria um patrimônio artístico?

A. M.

Sem dúvida, sem dúvida. Pelo que contém de criativo nesse processo. Você já imaginou o que é do lixo, de uma coisa que não tem mais uso, que foi considerada desusada, você retirar uma nova matéria-prima, e essa matéria-prima ser transformada em outro produto e esse produto ter encaixe e ter conveniência para o uso coletivo? Você vê o grau de elaboração que já chegou, no sentido da forma, adequação da forma, adequação da matéria-prima. O bujão de lixo que não machuca, que corresponde ao tamanho de uma casa média da família do Nordeste.

O espírito da proposta (de Mº de Andrade) era de que bens culturais devem ser tomados como uma gama de objetos feitos pelo homem brasileiro. Desde o arqueológico até a preservação dos bens culturais do presente.

[1979, “Bens culturais: Instrumentos para um Desenvolvimento Harmonioso”, documento preparado ao assumir o IPHAN] :

Acreditamos que as políticas econômica e tecnológica do país necessitam reinserir os bens culturais nacionais para concretizarmos um desenvolvimento autônomo. Ocorre, entretanto, que o conceito de bem cultural no Brasil continua restrito aos bens móveis e imóveis, contendo ou não valor criativo próprio, impregnados de valor histórico (essencialmente voltados para o passado), ou aos bens da criação individual  espontânea, obras que constituem o nosso acervo artístico ( música, literatura, cinema, artes plásticas, arquitetura, teatro), quase sempre de apreciação elitista.