Felix de Athayde
1984
Biblioteca da UnB
Recebido de Solange Magalhães 2013
Falo porque tenho língua
(muito embora portuguesa)
Conto porque sei de cento,
portanto tenho certeza.
Canto e conto Aloisio
e sua modesta grandeza.
Ele, o de mil artifícios,
conheceu mundo e sertão.
Viu Veneza e viu Triunfo;
cara a cara, a solidão
(que trazia ao pé de si,
numa coleira de cão).
Aloisio Magalhães
tinha tino e tinha dentes;
tinha olhos que entreviam
o homem desde a semente;
e por ser sempre sendo,
nunca vi ser mais vivente.
Aloisio era infernal,
tinha pauta com o Cão.
Dormindo, fechava um olho,
abria outro com a mão.
Sua cabeça voava,
Os pés, fincava no chão.
Tão Trancoso que só ele,
só sendo do Arco da Velha.
Às vezes, dava a impressão
de ter menos uma telha.
Mas, tinha o mundo, o mundéu,
entre calva e sobrancelha.