28 de fevereiro de 1983
Visão
- p. 66
“O que desejamos”, afirma o prefeito, “é que não só os turistas mas também o povo de dentro da cidade possa curtir Olinda, viver condignamente em seu território. E para isso não teremos o menor constrangimento de buscar, estejam onde estiverem, os recursos necessários para desenvolver a cidade e preservar seu rico patrimônio cultural e natural.”
Ditadura tributária — O problema mais grave de Olinda diz respeito a todos os municípios brasileiros: a falta de autonomia financeira para gerir seu próprio destino. Levantamento da Prefeitura indica que, de cada 100 cruzeiros arrecadados no município, 96 ficam com o Governo Federal e 2,80 vão para o Estado, restando apenas 1,20. Acreditam as atuais e futuras autoridades municipais olindenses que uma das metas prioritárias dos prefeitos brasileiros deve ser a mudança da política tributária, adotando-se uma descentralização que revigore as cidades. O atual prefeito Germano Coelho, também do PMDB, queixa-se de que, muita gente lutou para que Olinda recebesse o título com que foi honrada. Mas o mérito maior é mesmo da velha cidade. Sobre isso não há dúvidas, não obstante a notória anemia financeira municipal, a Prefeitura tem sido a principal responsável pela preservação do importante sítio histórico de Olinda. Assim, enquanto no exercício 1981—82 a Prefeitura despendeu, com recursos próprios, cerca de 500 milhões em ações de preservação, a dotação do Programa de Preservação de Cidades Históricas, para ser aplicada em todo o Brasil, foi de aproximadamente 400 milhões no ano passado. E há coisas urgentes a fazer. A Igreja de São Sebastião, por exemplo, localizada na entrada da cidade e cuja construção foi iniciada em 1686, simplesmente estava para ruir, há alguns meses. A Prefeitura elaborou um projeto com urgência, firmou convênio com o Programa de Cidades Históricas e a Fundação.
OS DOTES DA CIDADE
O processo de elevação de Olinda à categoria de cidade patrimônio natural e cultural da humanidade foi iniciado em meados da década passada, quando o deputado Fernando Coelho (irmão do prefeito Germano Coelho) apresentou projeto, na Câmara Federal, dando à cidade condição de monumento nacional. Outras personalidades, como o falecido Aloisio Magalhães (pernambucano que ocupava a Secretaria de Cultura do Ministério da Educação e Cultura) e o embaixador Geraldo Egídio de Holanda Cavalcanti (representante do Brasil na UNESCO), desempenharam papel decisivo nas articulações para a obtenção do título que está agora honrando Olinda.