Veículo Gráfico

1982

UT Libraries 2008

próMemória

Esse traço singular do perfil de Aloisio Magalhães era sublinhado pela sua permanente preocupação em dar um destino utilitário e humano aos edifícios e monumentos, restaurados ou construídos. Os velhos solares deviam servir como escolas, nos casarões antigos funcionariam os abrigos, e os logradouros adaptados atenderiam à gente humilde da vizinhança (…)”. (Macedo Costa, Reitor da Universidade Federal da Bahia).

Aloisio foi assim com as artes plásticas que o levaram ao “design”. Foi assim no CNRC que o levou ao IPHAN.

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Ao mesmo tempo, o Ministério da Educação e Cultura, atendendo a uma solicitação da SPHAN, obtinha do Ministério da Previdência e Assistência Social a cessão do advogado Edson Seda de Moraes, que irá coordenar os trabalhos necessários à preservação do Parque. Tombada em 1955 pela antiga Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), a área onde se travaram as batalhas dos Guararapes foi desapropriada pelo Governo Federal em 1965, num total de 250 hectares, tendo o Parque Histórico Nacional sido criado em 1970. Desde a época do tombamento, milhares de pessoas habitavam os terrenos do Parque, principalmente nas áreas denominadas Córrego das Batalhas e Rio das Velhas.

Em consequência, já foi assinado convênio entre a Fundação Nacional próMemória e a Companhia de Habitação Popular do Estado de Pernambuco, visando a concretização das medidas propostas no Termo de Referência.

Termo de Referência

Logo na segunda quinzena de agosto foram realizadas as reuniões entre os técnicos e dirigentes da SPHAN e representantes da Secretaria de Turismo Cultura e Esporte e da Secretaria da Habitação do governo de Pernambuco.

Os habitantes atuais da área nova invasão, construção, ampliação ou reformas.

CONCILIAÇÃO

A formação de núcleos populacionais na área do Parque é muito anterior às medidas legais de proteção, que datam respectivamente de 16 de novembro de 1965, quando entrou em vigor o decreto nº 57.273 que declarou de utilidade pública os terrenos onde se travaram as históricas batalhas dos Guararapes, e 19 de abril de 1971, quando o Decreto 68.527 transformou o local em Parque Histórico Nacional.

De fato, as áreas do Córrego da Batalha e do Rio das Velhas estão de alguma forma consolidadas, existindo mesmo atividades comerciais, como padarias, açougues, etc, além de alguns serviços, como energia elétrica e estradas. Outros serviços básicos, no entanto, não puderam ser implantados até hoje, face à não definição da situação da área. Assim, não há escolas, nem postos de saúde e nem água encanada.

Em recente declaração à imprensa, o secretário do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Aloisio Magalhães, ao se referir à situação do Parque, afirmou: “o que devemos fazer? Chegar lá e dizer que a área está tombada e todos têm que sair? Obviamente eles estão no local não para destruir a área, mas porque precisam.

Eu sei que muita gente picha o IPHAN — instituição parada, críticas que tenho ouvido nesse Brasil todo — mas eu sempre digo que é preciso ter cuidado, porque as pessoas esquecem o que ele fez de bom. Esquecem que nós ainda temos igrejas maravilhosas, cidades fantásticas, conjuntos incríveis e que, se não fosse o IPHAN, não existiriam.

Assim, também, foi com Aloisio, consumido numa tarefa gigantesca destinada a completar a obra iniciada, isto é, estender as atividades do SPHAN a toda a área cultural. Desde as culturas pré-colombianas até as daqueles que, em levas alternadas, vieram povoar este País. A primeira iniciativa, neste sentido, Aloisio ainda a impulsionou no Centro Nacional de Referência Cultural.

Logo após, uma visita às dependências do antigo Quartel inaugurava as quatro exposições ali montadas: a de artistas plásticos de Goiás, organizada pela comunidade e que trazia ao lado de nomes famosos como Goiandira do Couto, Otto Marques, Omar Souto, Silvia Curado, o jovem artista e entalhador Mário, de 9 anos; a mostra de cartazes de monumentos e sítios brasileiros tombados por legislação federal; a mostra sobre a restauração do monumento, que relatava, através da fotografia, a história da vida do Quartel do 20, como é chamado na cidade, desde sua fisionomia original, passando pelas intervenções sofridas ao longo do tempo finalmente, o “dia-a- dia” da restauração, e a mostra de “Cartemas”, de Aloisio Magalhães, uma homenagem e um agradecimento da cidade ao ex-Secretário da Cultura. Na sala onde estavam expostos os Cartemas, uma mesa e conjuntos de 36 cartões postais de Goiás, eram trabalhados espontaneamente, por crianças e adultos que passavam horas a “cartemar”, buscando como Aloisio, o “clima” da Vila de Goyas, na recriação do veículo gráfico.

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